quinta-feira, setembro 29, 2005

De um fim

A mesma cadeira castanha,
Os mesmos cheiros ocultos
A mesma vontade estranha
Os mesmos risos curtos

De sempre

Sempre o mesmo actor
Contracenando consigo
Evitando prazer ou dor
A incerteza vive comigo

Sempre

Quando subo ao palco
Do abandonado sentir
Os pensamentos calco
Na tentativa de fugir

Sempre, sempre e sempre

Mesmo que não queira
O sempre entra pela janela
Escondida e ligeira
Numa fresta que se revela

É o Sempre que me apaga de mim
E me deixa à beira de um fim ...

terça-feira, setembro 27, 2005

Multtipplicca

Arranquei da cama a papo-seco
Sem me lembrar de obrigações
Sem castigos nem preocupações
Soltei-me desse eterno beco
Por instantes

Levantei-me cheio de vontade
De enfrentar este novo dia
Com a alma cheia de liberdade
E mente abastada de folia
Por instantes

Vou sempre a correr contra
O tempo e sua devastadora força
Que só aos mortais demonstra
Corro sem que por mim ninguém torça
Tal como dantes

Mas ainda quase no início
Da minha corrida sou alvejado
Por todo este infame vício
De ser, à partida, derrotado
Tal como dantes

E volto, rapidamente, a casa
Ainda antes de sequer chegar
E calo-me enquanto o sentir arrasa
Toda a vontade de me mostrar
Tal como sempre

Multiplico a vontade por zero
E anulo-me no produto do ser
Olho para tudo e nada quero
Acabo por morrer sem ninguém saber,

Mais uma vez

Tal como sempre ...

" Esquivo-me de viver e com as unhas, compridas, rasgo a madeira, silenciosamente, e a metros do solo escrevo, com esses rasgos, o que na lápide aparecerá escrito, bem ao lado da data de nascimento. Uma cruz a negro pintada, desafiando aquela brancura entediante, de uma qualquer pedra atirada para uma alegre e cuidada relva, é o símbolo do que escrevo .......... "

segunda-feira, setembro 26, 2005

Nutshell

The anguish is a Brother
Hurts with No Excuses
Factory of pain without bother
Down In a Hole refuses
To stop hurting so bad

I lay my body on an Angry Chair
Like a Rooster with no feathers,
You Got Me Wrong dispair,
I've lost feathers and doesn't matters
The Heaven's Beside You, lying sad

Would you anguish leave me alone?
Jumping like Frogs out of me?
Right Over Now I need someone
I've found why I'm dying so mad,
I've found the Killer Is Me ...

" The Angry Chair continues yelling insane, words of dispair, which I write in this stupid crap, fucked up, verses, Thank You Alice, I'm still locked in your Chains "

quarta-feira, setembro 21, 2005

O Porquê De Mim

Vou escrever a minha vontade
Os meus sentimentos, de verdade.
Quero libertá-los finalmente,
Cansei de escondê-los frequentemente
Não vivo tanto tempo assim
Temo morrer sem chegar ao fim.

Mas a verdade é que amo tanto,
Que me esqueço viver minha vida,
Perco-me num estúpido pranto
Quando só queria uma saída,
Um escape para amar quem quero,
Porém calo-me, aceito o desespero.

É como se estivesse a prender-me,
A cada segundo que o tempo verte
Em minh'alma a dor se converte
Em algemas. Fico para depois vender-me
Ao descrédito e ao lascismo
Aceito a perda com desportivismo

E não mais luto pelo que amo
Sinto-me derrotado à partida,
Prefiro guardar a primeira imagem,
Na mente dos que eu chamo
Para a minha alma sofrida
Vou à guerra do amor em desvantagem.

Não sou controverso, nem santo
Não sou amante, nem o inverso
Não sou conversador, nem calado
Não sou amado, nem apaixonador

Sou só mesmo eu, abandonado na tempestade de areia que o deserto desenhado pelo meu sentir, insiste em provocar, sou só mesmo eu, mais uma gota de água num cubo de gelo, mais uma pedra na calçada para os outros verem e pisarem. Sou só mesmo o que tu vês, para além daquilo que sentes, não adianta apaixonar-me por ti pois tu nunca sentirias o mesmo por mim e quem sou eu, para amar uma estrela caída do céu? Julgo que, apenas um resquício de qualquer mínima palavra tua, rasgando o silêncio do meu deserto, me faz sorrir e aguardar a felicidade de um oásis, um destes dias.

terça-feira, setembro 20, 2005

Clemência

Pedaços de memória
Devastados por ponteiros
De relógios sem história
Que levam momentos por inteiro
São tudo o que vejo
Ao virar da minha alma
Fulminada e sem vivalma
Vivo a vida num bocejo

Acordo com saudades devotas
Aos sentimentos sem dor
Nem pensamento
Pedaços de derrotas
Fervem ao calor
Do arrependimento
Apago as ilusões sem agonia
Dilaceraram-se ao longo do dia

Quando em sonhos, morro,
Imagino-me numa sala escura
Sinto uma intensa frescura
Pedindo, gritando, socorro
No interior de minha mente
Sem memória que a sustente

E então resvalo para o fim
Daquele sonho, sem o desejar,
Exasperando acabar assim
Livre de memórias boas ou más
Com o frio seco a alimentar
Lamentos de tempos atrás.

Um dia vou, também, morrer
E para a campa vou levar
A dor lancinante de viver
Para ajudar a eternidade passar
Vou-me lembrar de quando sonhava
Com a vida que não aceitava

" Não peças Clemência, terás dor, não peças Bondade, terás incerteza, não peças desejos, terás desilusão. Quando pedires pede que a dor não doa e que as feridas abertas do coração fechem com o sabor das memórias, quando pedires pede memórias ou enfrenta uma vida sem princípio nem fim.. "

O Primado Da Doença

Recuperei, ainda atordoado,
Da visão que me fora ofertada
Pensei tê-la sonhado,
Mas era mesmo concretizada.

Esfreguei bem os olhos mortos,
Cocei-os, com força bruta
Mas continuavam absortos
Naquela imagem abrupta.

Olhei, apontei, desesperei
E disse, quase sem voz:
- Que ínfame é esse rei,
Que manda matar pais e avós,
Filhos, netos e inocentes!?
E que súbditos tão doentes!

A morte a espalhar-se por milhares
Em segundos, e por tantos hectares....

Falaram-me de religião,
Da Santa Guerra da Fé,
Falaram-me de retaliação,
Falaram-me defesa, até,

Pois não falamos disso,
Não são sentimentos,
Os responsáveis por isso,
Nem sofrimentos.

O que no sangue mexe
Revolve, vasculha e elimina,
É a doença que cresce
Quando a violência se aproxima
E o ser deixa de o ser
Para só a Morte querer.

A Pobreza, a Solidão, a Injustiça e a Fome
São simptomas da doença que ao assassino consome...

Não será a maior bomba do Mundo
Que dará a uma criança nem pão
Nem um riso, mas um clima imundo
Propício à futura rebelião.

Não será o maior atentado da história
Que fará qualquer Deus orgulhar-se
Guarda-lo-á, eternamente, na memória
Para poder, um dia, envergonhar-se

As palavras não mudam a índole do fogo,
Os sentimentos não curam feridas de sangue,
A nossa existência palpável não é jogo.
EU SEI QUE ERRÁMOS, TODOS, MAS DEUS, ALLAH, BUDA, KRIISHNA, NÃO SE ZANGUE!

" O primado da doença vive, mais do que nunca, no seio de todos nós, o único médico capaz de sarar a doença que nos mata a todos, chama-se HOMEM e nós nem o conhecemos. Que alguém nos proteja "

segunda-feira, setembro 12, 2005

Bem

Começo a sentir falta de mim
E dos sentimentos pensados,
Aqueles que nunca tinham fim,
E minunciosamente estudados.
Sinto falta de quando sorria
Porque simplesmente apetecia.

E sei que nunca serei o que fui
E me aborreço daquilo que sou,
O que sinto, minha mente conclui
E nem à minha alma me dou.
Realmente estou cansado de viver,
É verdade, não consigo esconder!

Porém mantenho-me vivo e rio,
A entrega aos outros é grande
E em Deus, estes, eu confio.
A Fé evita que à morte me mande,
Mas sinto o seu caldeirão quente
Queimar-me os pés constantemente.

" Família, amigos (talvez), inimigos ..... (talvez), indiferentes ou desconhecidos, homens, mulheres, animais, rochas, água, vida ou ausência dela, eu só existo porque também existís, vivo agarrado ao Planeta e enquanto este não acabar então também não terei fim, não vou morrer sem sofrer antes e durante a Derradeira, e é isso que me causa erosão na alma, até a desgastar por completo e me dissolver na Natureza. "
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