quinta-feira, fevereiro 23, 2006

A uma estrela

Se eu gritasse, alto,
Que te amo perdidamente,
E que és, precisamente,
Uma estrela no planalto
Da minha concretização,
Desejo e realização.

Não estaria a mentir,
Pois se vives dentro de mim
E nunca, aqui, tens fim,
Devo-te, então garantir
Que não vou perder de vista
Esta estrela que me conquista,

Que és tu, minha estrela!
Apesar de o tempo nublado
Surgir, por vezes, a teu lado,
Eu consigo, mesmo, vê-la,
Por entre os buracos das nuvens
E distingo que cores tens.

És a estrela mais brilhante,
Mais colorida e destacada,
Numa noite negra e mal-tratada,
És o único ponto empolgante
Que me faz não deixar de sonhar,
Durante a escuridão de meu pensar.

Para que não te queimes ao brilhar,
Envio-te frescos desejos e olhares,
Alegres palavras e beijos singulares
Espero que um dia este poema particular,
Se disperse em ti e para ti,
"Nem te esqueças que és a estrela que senti"

As ruas da minha cidade

São caiadas de vida
Aos trambolhões pelos autocarros

São entrada e saída
Para cervejas, pastéis e cigarros

São feitas de café
De garrafas de nervosismo e pressa

São pessoas a pé
Sozinhas e de antipatia confessa

São bem estreitas
Sujas, apagadas e, acho, esquecidas

São até maleitas
Com pobres de esmolas sofridas

As Ruas da minha Cidade
Vagueiam silenciosas
Pela podre veleidade
Das gentes receosas
De contacto humano
Considerado mundano

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Era bom que tivesse escolhido chorar

I

Mas não, optei calar-me,
Silenciei meu coração
Desejei, por vezes, matar-me
Tornava sonho em desilusão.

Sentir amor magoava,
Sentir alegria também.
Nada, era o que esperava,
O vazio fazia-me bem.

Mordia as lágrimas e a alma,
Arrependia-me de existir
E minha felicidade não era calma.

Errava por entre sofrimentos,
Que tendiam em persistir,
Para mal de meus lamentos.

II

Mas decidi começar a falar,
O coração, tentei abrir,
Deixei o niilismo terminar
E fiz o sonho se cumprir.

O medo de sentir desapareceu,
Agora só me quero poder sentir,
O medo de magoar permaneceu,
Creio que um dia possa fugir.

A verdade é que não chorarei,
Mesmo que não faça nenhum mal,
É algo que nunca desejei.

Mas hoje não tenho disposição
Para escrever um texto fatal,
Por isso vou continuar na ilusão ...

" Ilusão de que tudo está bem e de que nada, nunca mais vai correr mal, é o que vejo quando tento fechar os olhos. "
Counters
Hit Counter