quinta-feira, novembro 17, 2005

Nada

Marcham os sons da glória,
Tropeçam em pesadelos,
Renovam-se com a vitória,
Morrem por atropelos

E regozijam-se da dor
Como se fosse salvadora,
Repetem-na ao seu sabor
E até a julgam renovadora.

Os gritos da glória
Não são gritos, são apelos,
A uma bela história
De fazer arrepiar os pêlos.

E de nada fazem a dor,
Pela vontade empreendedora,
Opõem glória a amor
Pois é fonte constrangedora ...

O dificíl não é a glória
Nem saber vencê-los,
Aos adversários da memória,
Nem tão pouco esquecê-los,

O difícil é vencer a dor,
Não com força devastadora
Mas com a força do amor
Viver com ele é obra enriquecedora,

" Apesar de difícil ser, conto sempre com o amor para me guiar e iluminar quando as cavernas inócuas do desespero e da dor, me asfixiarem. Não quero glória pela dor, quero glória pelo amor "

terça-feira, novembro 15, 2005

Uivo

Ao cair do pano diurno
E depois de ressalvas
Ao meu ser taciturno
Assento-me em almas calvas

Calvas de sentir e querer
Calvas de mim e do que sou

Observo redundantemente a lua
Que vai caindo, escorregando,
Desamparada, sobre minha rua
E as almas vão se soltando.

Soltando-se do que quero ser,
Soltando-se pois a mente soprou.

Tropeço na parca alegria
Entrego-me ao chão escuro
Das impurezas de meu dia
E nas almas o procuro.

As almas solitárias que crio
As almas fantasiadas que imagino

Deixo a angústia passar
Espero pois quero vê-la
Escrita em qualquer estrela
Fugir e para sempre lá ficar

E grito alto um forte assobio
E grito o meu ser até ficar sem tino.

(baixinho, muito baixinho, para não correr o risco de alguém me ouvir ....)

sexta-feira, novembro 11, 2005

Simpo

Se o sol não brilhasse,
O calor não existisse,
A lua não se manifestasse
E a vida não insistisse?

Se a morte fosse à nascença,
E a vida uma convalescença?

Se o azar não fosse casual,
O amor constante e real,
As lágrimas intermináveis
E os sorrisos instáveis?

Se a morte então deixasse de haver
E a vida fosse um eterno sofrer?

Imagino os oceanos a encolherem,
As montanhas a desmoronarem,
Os céus a desaparecerem
E os corpos a se desmontarem!

Imagino gerações infinitas em luta
E o ódio colhendo no tédio mais um recruta!

A morte é real e não o deixará de ser,
Mas o resto... bom o resto irá acontecer.

quinta-feira, novembro 03, 2005

Seco, muito seco, quase vazio ....

Como te sentes agora,
Agora que te abandonaste?
Deixaste o tempo ir embora,
Escondeste-te e choraste!

Como te sentes actualmente
Quando vês aquele canto,
Onde tão habitualmente,
Falecias num louco pranto?

O quê que o momento
Te trouxe de definitivo,
Senão esse lamento
E um desespero afectivo?

Eu digo-te o que sentes
E até o que recebeste.
Vês a tua alma com lentes,
Para ver se a percebeste,

Pois não o conseguiste,
A tua alma não te responde,
Mas tanto tu a viste
E ora não sabes onde se esconde!

É uma dor angustiante,
Sentir e não o desejar,
É letal e flagelante
Tanto que te custa pensar!

Pois deixa de pensar nos sentimentos,
Abandona-os algures no teu coração,
Deixa que seja ele a cumprir a missão
De lidar com os sofrimentos....
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