terça-feira, julho 18, 2006

Numa noite

I

Numa noite ou dia escuro,
Numa saudade ou fantasia,
Num presente ou futuro,
Ou numa triste sinfonia,

Deixam que o tempo morra
Às mãos da vingança
E que o sangue escorra,
Na vadia intemperança.

Combatem por se sentirem fortes,
Porque dizem ser os escolhidos
E constroem glória com mortes.

Avançam por se julgarem certos
E pelos superiores convencidos
Que só eles são os expertos,

II

Expertos em aterrorizar,
Mas desconhecendo o inimigo,
Expertos em retaliar,
Sem saber atribuir um abrigo

Para as fomes e doenças,
Que se alastram na pobreza,
Procurando desavenças
Sem ter bem a certeza

Da razão pelas quais combatem.
É um clima de desinformação
Em que as incertezas se debatem,

Num solo considerado sagrado
Em que as batalhas da irritação,
Destroem o que lhes é alado.

III

"E os povos combatem entre si, almejando glória ou paz, dizem eles, pois vos garanto que neste momento estão os vossos líderes agarrados a um belo refrigerante, geladinho, encostados na poltrona bordada em ouro, fazendo zapping, parando apenas para ouvir o relato de mais uma morte das vossas, suficiente para que se levantem, se virem para outro lado e digam, "bolas! menos dinheiro!". Acordem povos, ACORDEM!"
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