quarta-feira, janeiro 03, 2007

Ao inebriante caminho da dor

Longo é o caminho percorrido, que se propaga num negro corredor, que se recria em lágrimas e devora-me a vontade de viver, é tudo tão calmo! Por vezes sinto a lúgubre névoa da falta de desejo no Futuro, aquela que me devasta os sentidos e me faz temer as repercussões do Passado no calmo Presente. Sinto que o momento é tão regorgitante quanto implausível e vou sangrando-me por entre as esquinas cansadas do corredor da dor, mas é tão estranho! Parece que no longo percurso, na corrente fraca da dor, eis que sou atacado por uma inércia tão forte que me amarra os pés (alma e coração), no fundo do leito desse tenebroso rio, sou atacado por tágides de calma e apreensão, tanto que o amorfismo se acumula em mim, dou-me à corrente, deixo-me levar, sou a própria corrente e desço quem sabe, um dia, até à foz.

Oh Dor que me aprisionas!
Solta-me dessa tua rede,
Liberta-me pois apaixonas,
Humedeces mas trazes sede.

Oh louca Dor! Louca e eterna,
Larga-me! Não me cantes
Mais nenhuma canção fraterna
De desgostos flagelantes.

Por favor Dor que me consomes,
Porque grito e choro, porquê?
Porquê que de vez não somes?

Sou abandonado em ti, imanante!
Sou deixado e ninguém vê,
Mas aceito-te ... tão agonizante...

" Se a Dor te vier procurar, foge, assim que ela te encontrar dificilmente te irá largar, foge! Foge com a felicidade que tiveres no corpo, ela que te ceife a casa da paz, mas sobrevive com a alegria que carregas ao peito, foge! "
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