quarta-feira, agosto 30, 2006

Perene existência

8 anos... Mãe o que é o Amor?

Sabes, eu e o teu pai,
Nós por ti Amor sentimos
E num tempo que já lá vai
Também nós o vivemos
E por isso é que nasceste
Por nos amarmos, cresceste...

12 anos... Mãe o que é o Amor?

Filho, é tudo tão confuso,
Às vezes parece que é a Vida,
Depois, e quando não o uso,
Parece-me que é uma partida
Que alguém criou para sorrirmos,
Mas tão subitamente, carpirmos

16 anos... (em silêncio, enclausurado numa lágrima, ao som de uma música com a palavra amor no fim, no meio, no início, ao lado, em cima... sem ninguém ouvir)
... O que é o Amor?

Aprendeste que o Amor é tanto
Quanto tudo aquilo que viveres,
Que por vezes é um louco pranto
E outras, a vivência de prazeres.
Se cais no desgosto e na revolta,
Enxuga o rosto pois a paz volta.

20 anos... (sem silêncio, sem medo, sem incertezas, sem lágrimas, sem... com, com música, com Amor, com paz e um toque de tudo o que não se percebe)
... O que é o Amor?

O Amor é outro "tu", que cresce
O Amor é alguém que te acresce
Conhecimentos, tu ensinas e aprendes
Ele, o Amor, tu nunca o compreendes
Mas é esse o seu e o teu encanto,
Se te soubesses idoso perdias o espanto.

... Mãe o que é o Amor?...

Ainda bem que perguntas, o Amor é....


"O vento sopra, as marés alteram-se, árvores caem, prédios ruem, nasço, cresço e morrerei e um Amor continua a nascer e a crescer, com cada um (em cada um), com cada palavra, lágrima ou sorriso. O Homem sonha e o Amor cresce, o Homem morre e o Amor floresce"

quinta-feira, agosto 17, 2006

Hospital

"- Olá jovem, sabes onde 'tás?"
Soltou-se uma voz feminina e doce,
Ligeira e acordou-me, eficaz.
"- Foi a ambulância que te trouxe"

O momento era de dúvidas ríspidas,
Não me recordava de ali ter chegado
Facto resultante de acções insípidas,
Mas lá estava eu, tombado, deitado.

As ocorrências da vida são humanas
E como tal, são passíveis de erros,
Saber que podemos contar com sanas
Mãos que salvam de vários enterros,

É já uma garantia de segurança.
Hoje, dizem, estive longe daqui
Como se tivesse a vida numa lança
Mas o corpo abandonado por aqui.

As palavras começam a resvalar
Para a ausência de qualquer exactidão,
Por isso e antes do mister falhar,
Desejo expressar a minha gratidão.

Obrigado a um médico nada Folgado,
Às enfermeiras de terna voz amigável
Às auxiliares pelo sorriso amado
E à cozinheira daquele peixe inestimável.

" Dizer que perdi algo naquela noite não posso, pois ganhei, aprendi, retirei lições, cresci, vi sofrimento, vi força, vi vontade, vivi e não me esqueço de que se há sofrimento e quem se preocupe em prolongá-lo, há quem o abomina e se preocupa em terminá-lo. Parabéns aos soldados de bata azul, branca, amarela ou às riscas verdes que lutam com um sorriso nos lábios e um medicamento na mão. "
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