sexta-feira, março 24, 2006

Baralhamoção

Não, agora não me incomodem,
Estou a ver um filme, ou estou a ler,
Não, não me falem da desordem
Que posso estar a sentir e viver.

Agora deixem lá isso, a sério,
Não vale a pena gastar letras ou acções,
Pois o que sinto não é mistério
É banal e afecta milhares de milhões.

Se alguns o chamam de Amor,
Outros chamam-lhe de paixão, paixoneta
E de ternura com ou sem sabor,
Eu chamo-lhe de rosa amarela e violeta,

Chamo-lhe água e de cheiro baunilha
Chamo-lhe de pimenta e arroz de ervilha
De sabor a maracujá, manga e pitanga
De ar, vento, frio ou calça ou tanga

Ou isto e aquilo
E aquilo e acoloutro e tudo e nada
Não me incomodem mesmo!
Oh sentimentos! Não me incomodem de todo!

segunda-feira, março 06, 2006

Aquilo que não gostas que diga

Momentos de impassividade
Momentos em que me apraz gritar o teu nome bem alto
Para que as nuvens se acanhem e fujam

Rezo alto que me ames e nem me ouves
Não precisas nem quero
Fica aí distante e se um dia me ouvires vem
Pode ser que eu ainda seja um desses cães desse teu canil

Se pensavas que te ia fazer um poema a rimar
Então
eNGANAS-TE

e Enganas-te porque o Mundo não é assim tão redondo como o querem fazer parecer

Nem o Mundo é redondo nem a vida é fácil

Mas ouve-me se não arriscares viver
(como O mundo arrisca girar)
Nunca saberás as riquezas que te podem ser ofertadas

Ri perante os problemas
Eu 'tou aqui
Ouve-me
Amo-te

Se não te basta isto
Então olha
Olha para mim miúda!
E vais ver que te amo mais do que a pastilha ama o doce
Mais do que golfinho ama a água
Mais do que o girasol ama esses inúmeros raios ultravioleta
Mais do que o poço ama o fundo
Mais do que o coração ama a vida
Eu amo-te foda-se!

Desculpa
Vou-me calar antes que diga aquilo que não gostas que diga

Eu amo-te mais do que a mim próprio
(Oops já o disse)

quinta-feira, março 02, 2006

Garrafas de cristal

I

Foram só pesadelos, não desesperes,
O pior já passou e nem tu o notaste.
Esses sonhos ásperos com que te feres,
Foram fases que já ultrapassaste.

Não te assustes pobre mortal,
O tempo da tristeza já morreu
Ainda antes de te parecer fatal,
Larga essas lágrimas, pois amanheceu.

Se te dedicasses a chorar, a prantear,
Os teus sonhos chorariam contigo
Num intenso e nocivo reinventar.

Não queiras guardar esse resto de tragédia,
Que te verte do rosto, pobre e sem abrigo
Deixa que fuja para uma qualquer Idade Média

II

Deixa que só exista no passado
E, por favor, vive o presente.
Peço-te que sejas renovado
A qualquer dia que se apresente.

És, como todos estes humanos,
Uma garrafa de cristal, grande,
Que guardam liquidos, vários anos,
Mas frágil, sem força que comande

Uma correcta defesa ao exterior
E fraca, com medo de se partir.
Mas valiosa e com um puro teor

De eternidade, quando bem cuidada,
De riqueza, se se souber abrir
E beleza, se sempre for bem amada.
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