quinta-feira, março 02, 2006

Garrafas de cristal

I

Foram só pesadelos, não desesperes,
O pior já passou e nem tu o notaste.
Esses sonhos ásperos com que te feres,
Foram fases que já ultrapassaste.

Não te assustes pobre mortal,
O tempo da tristeza já morreu
Ainda antes de te parecer fatal,
Larga essas lágrimas, pois amanheceu.

Se te dedicasses a chorar, a prantear,
Os teus sonhos chorariam contigo
Num intenso e nocivo reinventar.

Não queiras guardar esse resto de tragédia,
Que te verte do rosto, pobre e sem abrigo
Deixa que fuja para uma qualquer Idade Média

II

Deixa que só exista no passado
E, por favor, vive o presente.
Peço-te que sejas renovado
A qualquer dia que se apresente.

És, como todos estes humanos,
Uma garrafa de cristal, grande,
Que guardam liquidos, vários anos,
Mas frágil, sem força que comande

Uma correcta defesa ao exterior
E fraca, com medo de se partir.
Mas valiosa e com um puro teor

De eternidade, quando bem cuidada,
De riqueza, se se souber abrir
E beleza, se sempre for bem amada.
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