sexta-feira, maio 19, 2006

Nova Sensação

I

És a mais recente alucinação da minha mente
A nova mentira, a nova sensação e doença.
És aquela negra névoa fugaz e frequente,
Que se dispersa num coração de indiferença.

Parabéns por me conseguires desestabilizar
E por o fazeres sem tão pouco te aperceberes.
Parabéns por esse soberbo e altivo olhar,
Mesmo na vivência de agradáveis prazeres.

Obrigado por seres uma inovadora loucura,
Por abençoares os instantes de arrependimento,
Com essa omnipresença espiritual prematura

Em mim, pois eu muito pouco te conheço
Para pelo teu ser lavrar algum sentimento,
Se não sinto nenhum é porque não mereço.

II

Serias só um acto de fachada e despercebida,
Se minha mente não visse e analisasse
De hora em hora a tua alma consumida
Por momentos pálidos de incerteza e impasse,

Mas reafirmo, és a minha nova sensação
E por isso devo ter-te em conta todos os dias,
Se não te quer a mente que te queira o coração,
É com a presença de teu espírito que o desafias.

Devo-te ainda um qualquer crédito que desconheço,
Pois muniste-me de uma nova ideia sincera,
A qual, quotidianamente, juro que te agradeço.

Deste-me a vontade de viver e o fim de niilismos,
Podes jamais vir a ser aquilo que eu quisera,
Porém, de algum modo, baniste os meus fatalismos.

III

" Não quero que te repitas, se é isso que fazes comigo. Não quero que mudes, se é isso que precisas para estar comigo. Não quero que me consideres imune a ti, não o sou e nem nunca o serei, mas penso que isso já tu sabes. Peço apenas que nunca me abandones pois eu contigo cresci e és já parte de mim. Obrigado miúda! "

quinta-feira, maio 11, 2006

Complexo

A ti,
Dedico-te aos últimos momentos da natureza,
Aos impassos decadentes da inexistência,
Ao lado negro, mais vazio e cruel da tristeza
E aos instantes mais impotentes da certeza.

A ti,
A ti dedico-te ao nada e às influências perdidas em ti,
Aos esforçados sorrisos sem lábios e pálidos,
Aos aberrantes laivos de insensatez e confessa destreza amorfa
E ao tropeçar de uma lâmpada apagada e sem cera...

Ah a ti,
A ti e a mais alguém que como tu sabe e é,
A "tis", dedico-vos uma imortal veleidade,
Prolongo-a nos anais da memória
E deixo-vos com ela para que não mais minha mente povoem.

A ti dedico-te os determinantes possessivos,
Os advérbios de negação e de dúvida,
Os adjectivos macacos e complexos
Que só a tua mente complexa complexada
Sabe complexar numa qualquer relação humana.

Por fim, dedico-te a minha arte trágica
Pois ao menos isso tiveste o engenho de conquistar.
Poemas a rimar ou não, isso deixo para outro dia,
Já que não são os minutos com a primeira pessoa do Indicativo
Que te fazem pintares nele o teu infinitivo.
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