terça-feira, setembro 20, 2005

Clemência

Pedaços de memória
Devastados por ponteiros
De relógios sem história
Que levam momentos por inteiro
São tudo o que vejo
Ao virar da minha alma
Fulminada e sem vivalma
Vivo a vida num bocejo

Acordo com saudades devotas
Aos sentimentos sem dor
Nem pensamento
Pedaços de derrotas
Fervem ao calor
Do arrependimento
Apago as ilusões sem agonia
Dilaceraram-se ao longo do dia

Quando em sonhos, morro,
Imagino-me numa sala escura
Sinto uma intensa frescura
Pedindo, gritando, socorro
No interior de minha mente
Sem memória que a sustente

E então resvalo para o fim
Daquele sonho, sem o desejar,
Exasperando acabar assim
Livre de memórias boas ou más
Com o frio seco a alimentar
Lamentos de tempos atrás.

Um dia vou, também, morrer
E para a campa vou levar
A dor lancinante de viver
Para ajudar a eternidade passar
Vou-me lembrar de quando sonhava
Com a vida que não aceitava

" Não peças Clemência, terás dor, não peças Bondade, terás incerteza, não peças desejos, terás desilusão. Quando pedires pede que a dor não doa e que as feridas abertas do coração fechem com o sabor das memórias, quando pedires pede memórias ou enfrenta uma vida sem princípio nem fim.. "

2 Comments:

Blogger Maria said...

Estou-te grata pela visita ao meu espaço, leituras e comentário. Um dos melhores comentários que já me foram feitos. Agradeço. Estive também a ler alguns poemas teus e, sem querer que aches que é retribuição - que o não é - achei sinceramente que sabes utilizar a escrita como forma de expressão (é assim que a encaro) e que o fazes muitíssimo bem. Tenciono voltar e acompanhar-te. Uma vez mais, agradeço-te o comentário tão forte. : )

Maria

9:07 da tarde  
Blogger murmurio do silencio said...

Sonhas e isso é um bom principio


bom poema o teu


abraço

3:24 da tarde  

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