terça-feira, setembro 27, 2005

Multtipplicca

Arranquei da cama a papo-seco
Sem me lembrar de obrigações
Sem castigos nem preocupações
Soltei-me desse eterno beco
Por instantes

Levantei-me cheio de vontade
De enfrentar este novo dia
Com a alma cheia de liberdade
E mente abastada de folia
Por instantes

Vou sempre a correr contra
O tempo e sua devastadora força
Que só aos mortais demonstra
Corro sem que por mim ninguém torça
Tal como dantes

Mas ainda quase no início
Da minha corrida sou alvejado
Por todo este infame vício
De ser, à partida, derrotado
Tal como dantes

E volto, rapidamente, a casa
Ainda antes de sequer chegar
E calo-me enquanto o sentir arrasa
Toda a vontade de me mostrar
Tal como sempre

Multiplico a vontade por zero
E anulo-me no produto do ser
Olho para tudo e nada quero
Acabo por morrer sem ninguém saber,

Mais uma vez

Tal como sempre ...

" Esquivo-me de viver e com as unhas, compridas, rasgo a madeira, silenciosamente, e a metros do solo escrevo, com esses rasgos, o que na lápide aparecerá escrito, bem ao lado da data de nascimento. Uma cruz a negro pintada, desafiando aquela brancura entediante, de uma qualquer pedra atirada para uma alegre e cuidada relva, é o símbolo do que escrevo .......... "
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