quarta-feira, maio 04, 2005

Semper Vita

I

Rasgo tudo com a força de um monstro,
Não quero desejos nem convenções
E com raiva, fortemente me demonstro.
Mato tigres, pumas, chitas e leões,

Nem tenho medo de atacar florestas.
Desbasto árvores e rebento grutas,
Detesto odiar. Ódio sujo, não prestas
Amas o meu ser e a minha vontade refutas.

Parto vidros com estridentes gritos,
Pontapeio os meus sonhos e estouro-os,
Destruo-os com um olhar insano.

Infelizmente é um dos frequentes ritos,
Nesta minha vida sem muitos tesouros.
Aniquilo-me! Já nem me sinto humano!

II

Roubo ao tempo os meus desejos,
A quem peço que resolva meus terrores,
Rogo-lhe que mos troque por beijos,
Ou pelo menos por dissabores.

Cheguei a um ponto em que não creio
Nem que atinja clareza mental,
Nem real, por isso minh'alma golpeio
Procurando, talvez, fluidez sentimental.

Vou arrancando objectivos abstractos
A uma vida flagelada e dificultada,
Provavelmente nem sei se sou verídico.

Abstracções são os únicos retractos,
Em que vejo uma vida concretizada,
Pois de resto, sou da vida, um lírico.....
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