sexta-feira, setembro 08, 2006

O último passo

Vejo a vida como montanha,
Em determinados aspectos,
Comprometo-me a uma façanha
E avanço os prospectos.

Tudo encaminhado e correcto
Ao longo dos primeiros passos,
Levo uma vantagem de concreto
E impressiono sem impassos.

Parece que já escalei metade,
O caminho mais árduo está feito,
Sem presunção ou veleidade.

Continuo e quase atinjo o pico,
Ganho posição e mais respeito,
Adquiro-o por quem me sacrifico,

II

Com prazer, sem esperar retorno.
O Cume é já ali, estou perto,
Porém penso no transtorno
De alcançar aquilo que é certo.

Sinto meus olhos se voltando
Aos poucos, do almejado cume,
Sinto-os fracos e indagando,
Baixam e volta aquele costume.

Vou descendo, calmo e sem som,
Sozinho, com novos saberes,
Porém sem ter atingido o tom

Saudável do pico mais alto
Das pessoas e dos prazeres.
Vou esquecendo, nunca me exalto.

III

"A montanha, não tenho dificuldade em escalar, os obstáculos, todos sei contornar e subo tudo sem ter receios, mas no fim, no fim daqueles últimos metros, daqueles últimos passos, baixo os olhos e encaro a planície sem mais olhar o pico. Assim será, pelo menos para já, o que falta não sei, porém tudo o que tenho sei que para qualquer lugar me pode levar."
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