quarta-feira, abril 20, 2005

Estreito de Vida

Banalidade e caos,
Quando abro a janela da madrugada,
Seres desumanos e maus
Arrecadam índole malvada
Sob o signo da Lua,
Perante a escuridão da rua.

Registos de mentes fracas
Pincelam o pôr-da-Noite
E com palavras parcas,
Definem um forte açoite
Nas aspirações de uma cidade,
Dum futuro sem saudade.

Morrem sarcasmos vazios
No desespero de drogados,
Assassinos e ladrões ímpios,
Colorindo, despercebidos,
A escuridão que a noite encerra,
Com a qual à minh'alma ferra.

Loucos gritos de terror
Esperam, ansiosos, libertação,
Não demorará até que a dor
Os solte de sua prisão
E o frio que nos agasalha
Também o coração retalha.

Não espero alegria em prédios
Pintados de cinzento fresco,
Nem tão pouco remédios
Para um sentimento mais vesco
Que este que dou à minha vida
Aqui, tão pouco conseguida.

Oh! Muros Eternos!
Oh! Fogos Fraternos
Pintados nesta seara
De maldade e avareza
Dêem-me a doce e rara
Alegria sem tristeza
Que sei que tendes
Mas não a compreendes.

Cidade, Minha prisão
Tenho a sensação
Que em ti nunca vou morrer,
Porém sempre irei, aqui, desfalecer.
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